Imagine quanta economia de custos uma fábrica teria se pudesse, por exemplo, testar seus produtos antes mesmo de fabricá-los? Existem empresas que já desfrutam desse cenário, companhias visionárias que já dão seus primeiros passos na era da Indústria 4.0.
Essas fábricas inteligentes funcionam mediante uso intensivo de sistemas ultramodernos, implementados para desenvolver e testar produtos virtualmente, sem que haja necessidade de produzir um protótipo sequer.
Na prática, uma tecnologia como essa faz com que um produto chegue ao mercado com tempo de produção 50% menor, com a mesma qualidade e a custo 70% mais baixo.
Hoje você vai entender por que muitas fábricas e empresas podem ser extintas com a chegada desse tsunami chamado Indústria 4.0 caso não se adequem a essa nova perspectiva.
O que é a Indústria 4.0?
No final do século XVIII, a 1ª Revolução Industrial trouxe ao mundo a máquina a vapor e o tear mecânico na produção têxtil. Em pouco tempo, essas renovações levaram ao fim do artesão tradicional.
Um século mais tarde, foi a vez do surgimento dos motores elétricos, da consolidação dos combustíveis derivados do petróleo e da energia elétrica. Quem trabalhava com as caldeiras dos veículos a vapor e ignorou as inovações recém-chegadas também foi dizimado pelo desaparecimento dos antigos carros.
No entanto, a roda da revolução continuou seu ritmo intenso de transformação social. A partir dos anos 70 do século XX, os computadores e a microeletrônica revolucionaram os sistemas de produção então existentes.
Era a 3ª Revolução Industrial. Mais uma vez, quem não quis se atualizar ficou pelo caminho. De fato, o darwinismo corporativo não tolera hesitações.
Atualmente, com a velocidade e o impacto gerados pela conectividade global, uma nova era de inovações começa a orquestrar uma mudança profunda na sociedade moderna, alterando a forma como nos relacionamos, trabalhamos, consumimos e, por consequência, produzimos. Essa era é marcada pela fusão de tecnologias digitais, físicas e biológicas.
Nela, fenômenos como Big Data, Internet das Coisas (IoT), redes neurais e nanotecnologia fazem surgir, por exemplo, roupas repelentes a insetos, carros que fazem pagamentos via sistemas de mobile payments e hospitais inteligentes que usam a realidade virtual para permitir que seus pacientes internados interajam com seus familiares.
Perceba que a base de todas essas mudanças proporcionadas pela Internet 4.0 atende pelo nome de “mobilidade”.
Como vai a Indústria 4.0 no Brasil?
O conceito de sensores e equipamentos inteligentes já existe há muitos anos.
Não é novidade para a indústria que um equipamento gere indicadores. A mudança está no infinito de possibilidades que se abre quando é possível conectar objetos e automatizar decisões com base nos dados colhidos e trabalhados por softwares de alta capacidade de processamento.
No âmbito da Indústria 4.0 já existem incríveis projetos de inovação em grandes fábricas multinacionais fixadas no Brasil. Um exemplo é um sistema de produção automatizado (e 100% conectado), que informa a cada ferramenta o torque exato em cada peça, aumentando a eficiência e a rapidez na linha de produção.
Existem também projetos, ainda embrionários, que buscam criar sistemas de monitoramento de estoque 100% autônomos. Nesse modelo, sensores gerenciam o volume de itens armazenados, calculando eletronicamente o chamado Ponto de Pedido, de forma a disparar, de forma autônoma, novas ordens de compra ao ERP da empresa.
Além da precisão nas despesas de suprimentos, esses sistemas integrados também fazem toda a contabilização, o registro das mutações patrimoniais e as devidas baixas no sistema, criando um organismo de gestão 100% digital.
Há, ainda, exemplos interessantes de Indústria 4.0 no agronegócio brasileiro. A adoção de tecnologias de mobilidade no campo, como telemetria em tratores, permitiu que alguns produtores fossem ainda mais longe, desenvolvendo sistemas de monitoramento do campo por meio de sensores instalados em máquinas, câmeras e até drones.
Todos os dados capturados são remetidos ao sistema de Business Intelligence da agroindústria, uma espécie de “centro de comando da fazenda”. Por meio dele, o agricultor pode acompanhar e tomar decisões, em tempo real, sobre os processos críticos em seus processos de plantio, preparo, adubação, correção do solo, pulverização e colheita.
Os resultados práticos desse monitoramento completo da produção é o uso preciso de insumos, planejamento inteligente da safra, redução dos desperdícios com transpasse (plantio de áreas já semeadas) e a baixa automática dos estoques à medida que matérias-primas ou fertilizantes vão sendo usados na lavoura. Tudo em tempo real.
Quais são as tecnologias que tornam a mudança possível?
Drones, impressoras 3D, micro sensores e equipamentos de realidade virtual comandam a revolução silenciosa da que já é chamada por muitos de 4ª Revolução Industrial.
Obviamente, estamos falando de produtos. O desenvolvimento dessas inovações tem como base o aprimoramento de tecnologias como computação em nuvem, Big Data, Internet das Coisas (IoT) e, principalmente, o aprimoramento dos sistemas de transmissão de dados via mobile. Perceba que, sem a mobilidade, não há base para a implementação de nenhuma das transformações citadas neste artigo.
Dessa forma, se você quer que sua empresa seja protagonista da Indústria 4.0, o primeiro passo é investir em soluções de mobilidade, como aplicações móveis para gerenciamento de tarefas em campo e gestão de mão de obra externa, bem como tecnologias de RFID para automação do processo de inventário (gerenciamento de estoques).
Que tipo de profissional a revolução industrial exige?
No mundo de hoje, as distinções entre online e offline são cada vez mais sutis. Na era da 4ª Revolução Industrial, estamos recebendo no mercado uma geração que já nasce conectada e isso, evidentemente, impacta a forma com que as empresas devem interagir com seus consumidores.
Em última análise, para que uma organização se torne flexível, hiperconectada e pronta para lidar com seus clientes omnichannel, é imprescindível ter profissionais preparados para lidar com essa tempestade de dados que cercam a rotina corporativa.
A Indústria 4.0 exige profissionais mais analíticos, de visão mais holística.
Este artigo foi um convite à imersão na indústria 4.0, uma vez que, inevitavelmente, ela já é uma realidade. As empresas que não promoverem a transição de sua cultura para o universo dos negócios digitais tendem a ter dificuldades para manter-se competitivas nos próximos anos.