A transformação digital vem revolucionando a forma como é feita a manutenção. A tecnologia avança rapidamente e representa o alicerce da Indústria 4.0, que adota soluções cada vez mais disruptivas para otimizar seus processos. E não se trata apenas de utilizar máquinas e softwares mais sofisticados.

A manutenção prescritiva é um bom exemplo disso. Seu surgimento eleva a qualidade da produção a um novo patamar, algo inimaginável até pouco tempo atrás. Pensando nisso, trataremos aqui do que você deve saber sobre o assunto — partindo da definição do conceito e mostrando o que é necessário para implementá-lo. Confira!

O que é manutenção prescritiva?

O conceito nasceu com a quarta revolução industrial, graças às possibilidades geradas pelas novas tecnologias. O objetivo é utilizar o potencial do business analytics e desenvolver soluções para falhas potenciais e identificáveis. Sua implementação está associada à ISO 55000.

Na prática, o funcionamento gira em torno de uma ideia bastante simples: com base na análise do que vem ocorrendo na indústria, a manutenção prescritiva oferece recomendações para evitar que falhas aconteçam. Assim, ela se relaciona diretamente com o princípio de confiabilidade, visando identificar se um equipamento quebrará ou não.

Até então, a engenharia de manutenção não contava com uma ferramenta de potencial tão grande. Por isso, há uma grande movimentação na Indústria 4.0 para apoiar a implementação desse conceito nas empresas.

Entretanto, é preciso ter o cuidado de não confundi-la com outros processos que já são amplamente adotados.

Qual a diferença em relação aos outros tipos de manutenção?

Há dois grandes grupos a se levar em consideração: as manutenções planejadas e as não-planejadas. No primeiro, se encaixam a manutenção preditiva, sistemática, preventiva e de inspeção. Já no segundo, temos aquilo que mais se tenta evitar na indústria: a manutenção corretiva.

Quando as falhas ocorrem, já não há como realizar reparos planejados — é preciso agir imediatamente. Entretanto, nem mesmo as ações preventivas e preditivas alcançam o patamar de previsibilidade com o qual estamos lidando.

Estudos mostram, por exemplo, que mesmo com a manutenção preventiva, 82% dos equipamentos falham aleatoriamente. Para esclarecer a questão, vamos às definições individuais.

Manutenção preventiva

Esse é o serviço executado com o objetivo de reduzir as possibilidades de falha ou quebra. Trata-se de um trabalho planejado, mas que é feito por meio de uma programação de revisões nos equipamentos.

Algumas peças, por exemplo, podem ser trocadas antes do final de sua vida útil, caso haja sinais de desgaste ou falhas.

Manutenção preditiva

Por sua vez, a manutenção preditiva utiliza dados relacionados ao desempenho de uma máquina para avaliar seu desgaste e possíveis necessidades. Em outras palavras, a equipe aumenta sua habilidade de avaliar a situação real de um equipamento e decidir quando será a melhor hora para o próximo reparo.

Uma de suas características mais importantes é a capacidade de prever o tempo médio de vida útil de peças e componentes.

Manutenção prescritiva

Agir de forma prescritiva é o futuro da manutenção — e isso só é possível graças às soluções tecnológicas em ascensão. Ao contrário da manutenção preventiva, ela não tem como base um cronograma que visa cobrir as falhas mais comuns. Da mesma forma, ela se diferencia da preditiva ao ir além em suas análises.

Em vez de utilizar business analytics para cruzar dados sobre o desempenho já obtido, a manutenção prescritiva vai mais adiante e sugere ações pontuais com base nas possibilidades. Trata-se de um indicador antecipado que mostra o que vai quebrar e como proceder para evitar que isso ocorra.

A preditiva faz uma previsão, enquanto a prescritiva oferece recomendações para alterar o futuro. Ela ajuda diretamente na percepção de um defeito e gera insights para evitá-lo. E isso significa relacionar dados a um nível que somente uma solução digital inteligente pode fazer, já que as causas de uma falha podem ser indiretas.

Um carro desalinhado, por exemplo, pode impactar indiretamente no desgaste excessivo dos pneus. Surgem as possibilidades de aumento no consumo de combustível (pior desempenho) e deterioração precoce dos pneus (quebra do veículo). A manutenção prescritiva prevê esse cenário e sugere uma ação: fazer o alinhamento.

Um estudo de ROI feito com empresas que utilizam turbinas a gás e que implementaram um modelo de manutenção prescritiva (com uso de inteligência artificial) mostrou resultados interessantes. Com sensores que monitoram vibração, temperatura e desgaste de peças, o sistema oferecia informações sobre possíveis problemas decorrentes do ambiente.

O resultado foi que os insights gerados reduziram em até 50% o tempo de manutenção, em 25% o tempo de resposta a uma falha e em até 35% os índices de incidentes catastróficos. São vários os setores que já vêm se beneficiando desse tipo de solução.

Em outro caso, foi criado um sistema similar que monitora a vibração de componentes de uma bomba. Ao notar uma anomalia, ele envia um alerta para uma plataforma para informar o risco de falha nas próximas 36 horas.

Com nossa capacidade atual de coletar esses tipos de dados, transformá-los em informações relevantes para a manutenção torna-se uma questão de criatividade e planejamento.

Tendo isso em mente, é hora de avaliar qual é o melhor momento para iniciar a implementação.

Sua indústria tem maturidade para adotar esse regime?

A manutenção prescritiva representa um avanço gigantesco para qualquer negócio. Portanto, como parte fundamental do processo de implementação, é preciso avaliar se sua empresa está realmente pronta para adotar esse regime. E isso significa, na prática, contar com uma estrutura sólida de manutenção corretiva, preventiva e preditiva.

Não estamos lidando com uma ferramenta que pode ser implementada separadamente, pois as práticas que ela exige estão diretamente relacionadas aos outros regimes. Qualidade na manutenção corretiva, por exemplo, significa rapidez e eficiência nos reparos realizados.

Já nas manutenções preventivas e preditivas, sua empresa adota práticas de planejamento, interferência programada, gestão de riscos e vários outros processos que farão parte da rotina na nova fase. Tudo isso é tão essencial para a manutenção prescritiva quanto para os outros modelos.

A diferença é que, a partir de sua implementação, a distância entre os dados levantados e as ações de prevenção será bem menor — assim como a atuação humana.

Estamos falando de um alto nível de automação que, em muitos casos, não só dá suporte às decisões, como mostra quais são as mais eficazes. O impacto financeiro é significativo, pois favorece uma redução de custos ainda maior do que a causada pela manutenção preventiva.

Se sua empresa conta com uma manutenção desse patamar de qualidade, é hora de se preparar para alcançar esse diferencial competitivo.

Quais são os elementos de um bom programa de manutenção?

O ponto crucial de uma manutenção prescritiva implementada com sucesso é o abandono de práticas obsoletas de gestão (como planilhas) e a adoção de uma solução digital eficiente. Aliada a uma política de manutenção sólida e consolidada, ela vai gerar insights valiosos para prever falhas.

Consequentemente, a tecnologia utilizada em sua empresa deve ser de alto nível. Do contrário, os indicadores podem ser equivocados. Assim, acompanhar as tendências da Indústria 4.0 pode guiar seus passos na elaboração de uma infraestrutura eficiente.

Para tomarmos um exemplo prático, imagine sensores wireless aplicados a uma correia ou esteira de uma máquina para monitorar seu consumo de energia. Ao receber os dados e identificar uma anomalia, o sistema de analytics indica que o aumento do consumo pode ser causado por uma sobrecarga, graças às informações do seu banco de dados.

Até então, é quase impossível monitorar e gerenciar esse tipo de informação em tempo real. A intermitência ou raridade desse tipo de problema poderia impedir que ele fosse identificado, mesmo com uma manutenção preditiva de qualidade. Isso significa máquina parada, reparos corretivos e gastos não previstos.

Esse tipo de evento tende a ser reduzido drasticamente, conforme sua empresa caminha em direção à Indústria 4.0. Entretanto, o processo deve ser adotado com planejamento, já que exige investimento em equipamentos e softwares, de acordo com as necessidades e a estratégia de sua empresa.

Faça uma análise do desempenho de sua equipe e veja como a manutenção prescritiva pode elevar a sua eficiência operacional a um novo patamar. Os benefícios são muitos e alcançam toda a empresa — inclusive do ponto de vista financeiro!